domingo, 26 de agosto de 2007

O meu “mundo”…


Hoje saí da minha órbita… fui passear até à terra da minha madrinha com ela e uma amiga.

Soube bem voltar a partilhar a companhia de alguém de quem estive afastada durante alguns anos… coisas da vida… pequenas coincidências…

Dei por mim num meio estranho, com pessoas que não conheço, em ruas que nunca vi… um “mundo” real paralelo ao meu… uma terra que tem a sua vida enquanto eu estou aqui… enquanto vivo a minha…

Seguimos para a “festa” lá da zona… talvez o meu espírito hoje não fosse o mais adequado, mas sinto que se estivesse num “território” meu, dançaria e pularia e sorriria… Mas não… fiquei quieta no meu canto… a ver a vida daquela terra, sem me incluir nela…

Penso… tenho o meu mundo, que pensava não ter… habituei-me, ou interiorizei, de tal forma os bares e discos que frequento que já não consigo sentir-me bem (não é propriamente sentir “bem”) em ambientes diferentes… Se for a ver bem, a maioria das minhas convivências actuais são pessoas do “meio” e acabo por começar a afastar-me dos locais “normais” (o quanto tenho evitado usar esta palavra neste texto)… Ou seja, auto-excluí-me da sociedade existente para além dos meus bares e das minhas discos…

Hoje, já cá, mas numa disco “n” (fica menos mal), olhava para o palco ao pé das colunas, onde actuam as bandas caso seja segunda-feira, e só me apetecia que começasse a música de início de show… e aparecesse “uma artista” “toda montada” e que fizesse um número daqueles brutais…

Vi "casais" e muita gente do "meio"... mas... não é a mesma coisa...

Eu que tanto me queixo da auto-separação, do facto de, cada vez mais, haver uma maior auto-exclusão à medida que o “meio” vai tendo mais espaços e mais bares, dei por mim a frequentar esses mesmos espaços de forma quase exclusiva…

Percebi hoje o que querem dizer quando me dizem «…. “o teu mundo”»… É que eu sempre respondi “Não podes afastar as águas nem separar as pessoas, somos iguais e blá blá…”… mas a realidade é que, não separando as águas nem as pessoas, criei um mundo meu… aquilo a que chamo o meu meio e as minhas convivências, os locais que frequento e os números que guardo no telemóvel, os códigos que distinguem a minha lista de contactos e o próprio vocabulário que uso… pertence tudo a um “mundo” que se separou… que se auto-exclui… em que me insiro com muita pena minha de ser causa e consequência dessa exclusão… É um mundo onde sorrio e rio e danço… onde sou verdadeiramente eu… onde olho à volta e conheço as caras… onde estão as pessoas a quem digo “adoro-te”, “és especial”… mesmo sendo pessoas “normais” (again) que estejam comigo a partilhar o espaço, abro-me e sou eu ao ponto de dizer as coisas que quero dizer… fico solta e proxemicamente mais honesta… os meus movimentos são diferentes, a minha linguagem gestual (LGP também) flúi de outra forma…

Portanto, sim… tenho o “meu mundo”… longe do mundo que a maioria das pessoas conhece… é o mundo onde insiro as pessoas com quem brinco… que me fazem sorrir… com quem choro quando preciso…

No entanto é um mundo onde só levo quem quero, quem me conhece e a quem quero mostrar quem sou, não falando de orientações, mas falando da essência do ser…

2 comentários:

Isabel disse...

Por algum motivo, e como "recompensa" por teres saído do teu "meio", mandei vir aquele pôr-do-sol sem igual! :)

Anónimo disse...

Excelente reflexão!