segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Dor...

Ontem fui invadida por algo a que chamei "dor". A "dor" do silêncio...

A minha relação familiar sempre foi algo distante... Desde que me enfiei no quarto e, posteriormente, "no armário", nunca tive uma conversa sobre sentimentos com os meus pais... Com o meu pai não me faz tanta diferença... Mas com a minha mãe faz... Gostava de poder dizer-lhe "conheci alguém" ou "pessoa tal acabou comigo e estou de rastos"... Mas nunca tive isso... Quando acabei um relacionamento de 2 anos, fui jantar com os meus pais... Obviamente não estava bem e não o conseguia disfarçar... Mas tive de arranjar uma história... Como poderia eu, para além do que já estava a sentir, ainda tentar explicar tudo...

Uma adolescência vivida em silêncio...

A idade que tenho (que não é assim tanta) vivida em silêncio...

Gostava de poder dizer aos meus pais "Não venho morar convosco porque tenho alguém que me faz feliz e com quem quero estar."

Tenho de manter o "secretismo", quando já saí do armário para metade das pessoas que conheço... custa... custa o silêncio... a vida vivida em paralelismo... O não contar o motivo real das coisas... Especialmente numa profissão como a minha... Ter pessoas com quem estou 24 horas por dia... que se apercebem que tenho alguém... quer pelo sorriso ao trocar mensagens... quer pelas palavras ditas ao telemóvel e que tantas vezes se ouvem...

Não consigo ser opaca a esse ponto... sentir bem dentro uma felicidade imensa (que me transmites!) e não o revelar no olhar ou com um sorriso espontâneo, apenas por pensar na pessoa que tanto amo...

Ontem então custou... porque quis partilhar a minha alegria com a minha mãe, eventualmente com o meu pai... Ontem quis uma família... Quis saber que poderia levar quem amo a almoços de família e dizer "É a pessoa com quem namoro! Sim, somos felizes." Quis sentir que a minha família receberia bem a ideia... Quis sentir que poderia falar... contar verdades inteiras... Estou tão cansada de contar apenas pequenas partes de uma verdade que é tão bonita!

5 comentários:

Marias disse...

Obrigada pal visita brokenangel!...

Estou aqui e já li uns poucos dos teus posts e digo-te que também gostei do que te li... vejo que temos algo em comum!...

Muitas vezes também sou invadida pelo que chamas " A "dor" do silêncio..."
... e como dói não poder contar todas as partes de uma verdade tão bonita como a que dizes!...
Mas há-de nascer um dia em se gritam todas as verdades que temos cá dentro!...e então... será tão bom ficar em silêncio, ouvi-lo a sussurar-nos ao ouvido e a "dor" desaparecerá em nós...

Também vou estar atenta ao teu blog. -)))

Anónimo disse...

Um dia destes,
quem sabe?,
vai poder levar quem ama
e falar do amor
que lhe enche a vida.
Levar a minha casa,
falar à minha família,
contar toda a verdade bonita!
Até lá... solidário consigo,
na oração, com afecto!

eu disse...

Olá fiquei muito contente por me teres visitado :)
Compreendo-te na perfeição... passei por tudo isso com os meus Pais... nada mudou, entrei na idade do armário... sái do armário e só falava com o meu avô... com quem vivi sempre...
também sou mãe, a minha filha tem 11 anos, espero ter a serenidade suficiente para ela me conseguir contar tudo...
Mas acredita que não estás sózinha, há muitas jovens que não conseguem partilhar nada em casa, há pais que são mais fechados, por medos, por Te amarem demais e se calhar não viram que tu cresceste...
É o silêncio e as meias verdades são uma dor...
Aqui ao escrevê-las vais sentir que desabafas e tens com quem as compartilhar e quem te entenda.
Estou lá no meu cantinho, sempre que quiseres vai lá dar um olá... e eu venho até aqui, pode ser?
Beijo Grande aqui da Lua...

Livre-Mente disse...

..é sentir que não estás sozinha nesse pensamento e de saber que não és unica no mundo..

Arcanjo disse...

Compreendo-a... comprendo-a muito bem...

Mas tudo se ultrapassa... um dia formará a sua própria familia... e então esta será conduzida por si... caber-lhe-á essa tarefa de ensinar outros costumes :-)

Mas faz sempre falta ter "alguém" com que falar, sentir que há "alguém" em nos podemos apoiar e com quem podemos contar incondicionalmente...

Beijocas***