Hoje regressei ao "nosso" quarto... o caos dos sacos e das malas fez parecer que ainda era habitado como outrora... Houve mesmo a sensação de nunca ter saído daqui... Sentei-me na minha cama... Olhei para trás, para o fundo... Não estava lá quem me iria perguntar "Vamos lá fora?"... Apenas silêncio... Outra pessoa nesse lugar... Sacos e malas diferentes... As almofadas dispostas de forma alinhada parecem guardar a recordação de quem repousava a cabeça nelas...
Lembrei-me de histórias e aventuras... de gargalhadas e de choros... de dores... de sonhos... de conversas... de companheirismo... de amizades... de abraços profundos... de um adeus anunciado...
O acordar e o reboliço... o espelho na casa de banho... a bela da sanita (ainda está igual)... o lavatório... Foi um voltar atrás sem regressão... Apesar de saber que dormia até hoje num quarto de um antigo palácio, com vista para o claustro, a igreja ao fundo... hoje, ao voltar para esta construção recente, de paredes de cimento e armários de ferro fechados, sinto que sempre foi este o "nosso" espaço... onde as memórias existem... onde há a presença de um passado tão recente...
Para a semana regresso ao quarto de madeira e tecto de 3 metros... mas enquanto dormir nesta cama... terei o sorriso da presença do passado...